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Renascer de um ícone Modernista

Atualizado: 24 de abr.

Inaugurada nos anos 1960, a Galeria Metrópole, no centro de São Paulo, foi idealizada para ser um espaço comercial amigável com o entorno e a comunidade. Ocupado agora por uma geração de jovens criativos, o lugar volta a vivenciar a vibração de seus tempos áureos


Em 1959, os arquitetos Gian Carlo Gasperini e Salvador Candia se uniram para idealizar o edifício comercial que viria abrigar a Galeria Metrópole, na esquina da av. São Luís com a Praça Dom José Gaspar, no centro de São Paulo. Os projetos deles foram os escolhidos no concurso promovido pelos donos do terreno, de 8 mil m². Formaram uma dupla para conceber o novo planejamento, que manteve as características modernistas que se destacaram na premiação: transparência visual, ventilação cruzada, iluminação natural e a integração com o espaço público. “Eles projetaram um acesso de pedestres que não existia, entre a praça e a rua Basílio da Gama por dentro do prédio. Uma ideia que continua sendo um exemplo para os dias atuais”, afirma o arquiteto Eduardo Ferroni, professor da Escola da Cidade e dono do primeiro escritório de arquitetura a se instalar no local, o Hereñú + Ferroni.


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De concreto armado, aço e vidro, o edifício, com quatro pavimentos, abriga um imponente jardim no subsolo. “Estamos acostumados a ver essa área destinada aos carros, mas, aqui, não! As árvores estão ali para percebermos que o andar debaixo é também de uso público”, diz Ferroni. Chama a atenção ainda o conceito industrial empregado, com barras verticais de metal instaladas nas fachadas de mármore e que se integram com o piso de mosaico romano, todo esquadrinhado.



Marco dos anos 1960, o edifício, com cinema, lojas, bares e restaurantes, era frequentado por intelectuais e artistas, caso do compositor Chico Buarque e do cineasta Walter Hugo Cury. Entre as décadas de 1980 e 1990, com a decadência do centro, a galeria entrou em declínio. Há poucos anos, porém, o empreendimento começou a receber inquilinos do setor criativo, como arquitetos, fotógrafos, designers e estilistas. “A boa arquitetura e a qualidade urbana do centro atraíram uma nova geração, que conta ainda com o fácil acesso a transportes públicos”, afirma Ferroni i. “Aqui, está o melhor do que já foi construído em São Paulo, e, com a vantagem de você não precisar de catraca, foto e RG para acessar os escritórios e as lojas da galeria.”



GIAN CARLO GASPERINI (1926-2020) Além da Galeria Metrópole, o arquiteto é autor de obras como o edifício Pauliceia, na avenida Paulista, o Tribunal de Contas do Município, o Credicard Hall – atual Vibra São Paulo, e o Auditório Claudio Santoro, em Campos do Jordão, SP. Nascido na Itália, Gasperini chegou no Brasil em 1949, onde se formou em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi mestre e doutor pela Universidade de São Paulo e professor na mesma universidade. Em 1962, juntou-se aos sócios Plinio Croce e Roberto Aflalo, formando o Croce Aflalo & Gasperini Arquitetos. Em 2010, recebeu o Título de Cidadão Paulistano e, em 2015, foi homenageado pela Associação Paulista de Críticos de Arte pelo conjunto de sua obra. Também recebeu títulos honoríficos dos governos francês e italiano. O arquiteto morreu aos 93 anos de pneumonia, na capital paulista.


SALVADOR CANDIA (1924-1991) O arquiteto sul-mato-grossense formou-se, em 1948, na Faculdade Mackenzie, em São Paulo, onde foi professor e diretor. Nesse mesmo ano, integrou o grupo de intelectuais que fundou o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Estagiou com Rino Levi, Oswaldo Bratke e Vilanova Artigas, até iniciar a carreira solo em 1953. Entre seus principais projetos estão: a Galeria Metrópole, no Centro; o conjunto de edifícios na João Ramalho, em Perdizes, realizado com Plinio Croce e Roberto Aflalo; o Conjunto Residencial Jardim Ana Rosa, tombado pelo Patrimônio Histórico no bairro da Vila Mariana; o arranha-céu do antigo Unibanco, na av. Rebouças; e o Edifício Joelma, na av. Paulista, que ficou famoso pelo incêndio ocorrido em 1974. “As obras de Candia estabeleceram relações virtuosas com o meio urbano. Ele procurava melhorar todo o entorno de suas construções”, afirma Ferroni. Durante a graduação, ele idealizou e contribuiu com a primeira revista universitária brasileira de arquitetura, a Pilotis, onde defendeu três programas arquitetônicos que marcaram o processo de verticalização e compactação urbana da capital paulista: o prédio de apartamentos, o de escritórios e a loja de departamento.

 
 

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