Ernesto de Fiori em exílio: exposição revela obras do modernista na Galeria Paulo Kuczynski
- Revista Habitare

- 5 de set.
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Mostra reúne cerca de 35 esculturas, pinturas e desenhos do artista ítalo-alemão, produzidos no Brasil entre as décadas de 1930 e 1940, a partir do acervo do colecionador Ernesto Wolf
Texto: Redação Habitare Fotos: Alexandre Santos Silva

A Galeria Paulo Kuczynski apresenta a exposição De Fiori: Um artista no exílio, dedicada ao pintor, escultor e desenhista Ernesto de Fiori (1884–1945), um dos nomes de destaque do modernismo europeu que encontrou no Brasil seu refúgio artístico. A mostra, aberta em 16 de agosto, reúne cerca de 35 obras entre esculturas, pinturas e desenhos, provenientes do acervo do colecionador Ernesto Wolf e de sua esposa, Liuba, que as adquiriram ao longo de seis décadas.

De Fiori se destacou como escultor na Europa, mas no Brasil reinventou-se como pintor. Sua escultura, marcada pela contenção formal e pelo vínculo com a tradição europeia, contrasta com a liberdade expressiva de suas telas, caracterizadas por pinceladas rápidas, cores vibrantes e técnicas experimentais.

O artista viveu um período intenso de produção em São Paulo, após ser obrigado a abandonar a Alemanha nazista em 1936. Ao lado de esculturas célebres, como Homem Andando (1921), com mais de dois metros de altura, Adão (1920) e O atleta em repouso (1938), a exposição apresenta pinturas emblemáticas como Família (1942) e a série São Jorge e o dragão (1942), em que a luta simbólica entre o bem e o mal ganha novas leituras.

FPaulo Kuczynski destaca a potência da produção brasileira do artista: “Mesmo na tristeza do exílio, ele reinventou-se na pintura, notadamente nas cores e na liberdade de suas pinceladas. Como dizia Benjamin Steiner, De Fiori pintava com a gestualidade de um samurai em luta”.

A trajetória de Ernesto de Fiori é atravessada por guerras, deslocamentos e reinvenções. Seu estúdio em Berlim foi bombardeado durante a Primeira Guerra Mundial, destruindo parte da produção. Já no Brasil, participou de salões de arte, escreveu artigos e integrou-se à cena cultural paulista, sem abandonar a crítica aos horrores do nazifascismo. Faleceu em 1945, em São Paulo, poucos dias antes do fim da Segunda Guerra Mundial.
A exposição resgata esse percurso, permitindo ao público uma leitura sensível e abrangente de sua obra, que transita entre a sobriedade clássica da escultura e a liberdade vibrante da pintura.










