Poesia Concreta
- Revista Habitare
- 22 de nov. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de abr.

O traço autoral do arquiteto Leo Romano se valeu do concreto para projetar uma construção de 500 m² de extrema leveza
“Esta é uma casa que não precisa de manual de instruções”, afirma o arquiteto Leo Romano, autor do projeto em um dos condomínios da capital de Goiás. A planta, de fácil leitura, distribui salas de estar e jantar, escritório, varanda e piscina, no térreo. As três suítes e a sala de TV permanecem no pavimento superior. Mora ali uma jovem família – um casal de médicos com um filho de 4 anos –, que contratou o profissional com a intenção de ter um imóvel nada parecido com os da vizinhança. No terreno de 700 m² de leve declive, Leo projetou uma construção em três níveis de “brutalismo delicado”, como ele gosta de se referir a ela – no subsolo, ficam garagem e área de serviço.
O monobloco plissado foi executado in loco, com mão de obra local. “O mais complexo foi fazer as fôrmas metálicas de modo que os painéis ficassem bem-acabados”, afirma o arquiteto. Na lateral esquerda, os pilares de concreto se mesclam às esquadrias de alumínio preto. O vidro deixa transparecer, para o interior, o belo jardim ladeado pelo espelho d’água.
“Brinquei com as curvas no concreto, fazendo com que esse monobloco desse a impressão de uma bandeira ao vento” Leo Romano Arquiteto.
Na frente da casa, essa estrutura apoia-se no volume quadrado, onde fica o escritório do casal, revestido de alumínio ripado, que também cobre paredes. O conjunto ganha poesia ao se integrar ao paisagismo e ao espelho d’água, que inicia na parte frontal do imóvel, percorrendo toda a lateral esquerda e desaguando na piscina. “A transparência era uma premissa do projeto, assim como usar poucos materiais”, diz ele. Além de concreto, vidro e alumínio preto em esquadrias, empregou-se ali mármore no piso da área social e cumaru no dos quartos.
Fãs do design de Leo Romano, marido e mulher quiseram decorar os ambientes com o mobiliário assinado pelo profissional: peças das coleções Chuva (2015) e Preto e Branco (2019). Com exclusividade, Leo desenhou as cabeceiras dos quartos da família e dos hóspedes. “Como primeira casa, ela começa como uma página em branco, ainda não abriga memórias, mas a base já está pronta para ser preenchida com as peças e as obras de arte que os moradores vão adquirir no decorrer do tempo, e sem pressa.” Uma das aquisições que o casal fez questão de fazer foi a dupla de poltronas Mole, de Sergio Rodrigues (1927-2014), disposta, com destaque e orgulho, no estar.

“Pronta há mais de um ano, a casa desperta curiosidade no condomínio e, segundo os donos, os vizinhos pedem para conhecê-la” Leo Romano Arquiteto.

O paisagismo é assinado por Guilherme Mesquita, que selecionou bromélias e copas africanas para compor o jardim frontal.
Projeto Arquitetônico: Leo Romano