11 lançamentos da MADE 2025
- Sebastiana Habitare
- há 3 dias
- 5 min de leitura
Atualizado: há 2 dias
De volta ao Mercado Livre Arena Pacaembu, a MADE retoma as exposições autorais e reafirma seu protagonismo no design colecionável com curadoria potente
Com o tema “Substrato: da ideia à matéria”, a MADE – Mercado, Arte, Design 2025 antecede a criatura e foca na subjetividade do criador e nos elementos intrínsecos desse processo. O evento, que aconteceu na quadra de tênis coberta do Mercado Livre Arena Pacaembu em São Paulo, reuniu 50 estúdios e designers de diferentes partes do Brasil, entre veteranos e estreantes. Confira alguns lançamentos deste ano!
Linha Bordado, do Estúdio Pedro Luna
A Linha Bordado, composta por cadeira, banqueta e banco, evoca elementos do bordado, como o bastidor e o novelo. A coleção propõe uma leitura poética desses materiais cotidianos.
Como uma extensão da linha, a série Boa Noite leva aos assentos uma preciosidade da arte popular brasileira: o bordado Boa Noite. É cultivado há quase um século pelas bordadeiras da Art Ilha na Ilha do Ferro, pequeno vilarejo à beira do Rio São Francisco, no sertão de Alagoas.
Coleção Desamparo, de Anna Machado
A nova coleção de vasos e luminárias nasceu da investigação das falhas da impressão 3D como linguagem estética, transformando erros em padrões únicos que dão forma às peças. Cada textura surgiu de um processo experimental, no qual o descontrole das camadas revelou texturas imprevisíveis e poéticas, algo que seria impossível fazer à mão.
São seis modelos, cada um explorando de forma diferente o erro da impressora. Todos são impressos em 3D em PLA, um bioplástico feito de amido vegetal, reciclável e ecofriendly.
Coleção Calmaria, de Ádamo Thiers
Calmaria II é um desdobramento de uma narrativa que começou no ano passado e que agora se amplia em seis novas criações: mesinhas de apoio, bancos e uma mesa de centro - todas pensadas em escala menor, com a proposta de tornar o transporte e a logística mais viável, mas também com a intenção de propor móveis versáteis, que podem circular entre diferentes cômodos da casa.
As formas seguem explorando as curvas como linguagem – ora suaves, ora mais pronunciadas – evocando os muitos humores do mar ao longo do dia. Agora, também, entra em cena a madeira tingida, mas que deixa os veios visíveis. Os tons predominantes são os azuis e verdes – matizes que habitam o cotidiano do designer e se conectam com sua paisagem pessoal em Fortaleza.
Vasos Grave, de Vinicius Siega
Um par de vasos que subverte convenções: sua forma cilíndrica central lembra uma garganta comprimida com algo atravessado, representando a tensão entre o que não pode ser dito e o esforço de contê-lo, como se algo estivesse à beira de se libertar de seu próprio silêncio.
Na produção com porcelana líquida, as peças ainda carregam a história da transformação da matéria-prima reciclada - o material é derivado de criações que não resistiram ao processo de queima.
ANEMONA, de dua.dsg e Una Ambientes
A ANEMONA é luminária que evoca um jardim submerso, inspirada nas anêmonas-do-mar. A base de alumínio usinado remete ao disco basal da anêmona - seu ponto de ancoragem, onde tudo começa. Sobre ela, vasos de cerâmica artesanal despontam como colunas orgânicas: formas que abrigam o brilho ao invés da carne, cápsulas de barro que pulsam com uma luz suave, quase como se estivessem respirando.
Fundidos pelo processo de cera perdida - como verdadeiras joias -, os pistilos de bronze parecem dançar em câmera lenta, conduzindo a luz com a leveza. No interior, lâmpadas de LED desenvolvidas exclusivamente para o projeto.
Coleção Zay, do Estúdio Hostins-Borges
Inspirada no conceito de Zeitgeist, que representa o espírito do tempo, a coleção combina referências do passado, tecnologias do presente e uma consciência voltada para o futuro. É composta por cinco peças: cadeira, cadeira com braços, poltrona, banqueta e mesa.
Produzida em madeira faia de origem europeia, com certificação FSC de manejo florestal responsável, Zay reforça o compromisso dos designers com práticas sustentáveis. Os acabamentos incluem couro nas cores preto, marrom e bege, tecidos de linho nos tons bege, cinza, terracota e verde, além do bouclé off-white.
Fornada, de Marcus Camargo
Fornada é um móvel-gabinete que nasce do calor da memória. Inspirada nas formas de assar empadão goiano - prato típico da cidade de Goiás -, a peça homenageia os gestos repetidos das cozinheiras e das ceramistas, nos quais moldar, assar e servir se entrelaçam em uma dança de utilidade e afeto.
A madeira dá corpo à estrutura, enquanto a cerâmica aparece como relevo e textura, ecoando a disposição dos tabuleiros de empadas recém-saídos do forno, além de servir também como puxadores.
Coleção Tio José, de Aline Angeli
A coleção Tio José homenageia o tio avô da designer, um fotógrafo retratista que guardava sobras de acrílicos coloridos usados para fabricar chaveirinhos - e que viravam mosaicos nas mãos das crianças. Na releitura, as texturas ganham forma em caixas e peças de parede feitas de barro.
Coleção Coivara, da Casa de Marimbondo
Inspirada em uma expressão cultural ancestral da zona rural e do pantanal sergipano - coivara significa renascer, alimentar a vida com a própria vida - a coleção é composta por um aparador oratório, uma gamela, uma luminária e três bancos.
As peças apresentam desenhos distintos que se conectam por meio da marcenaria. A madeira e a fibra da taboa são os elementos centrais. O traçado da taboa aparece em aplicação nova. Já a madeira vem em seis espécies diferentes: maracatiara, roxinho, freijó, amendoeira, coração de negro e pequiá.
Tapete Mamanguá, de Rahyja Afrange
Fruto de um processo criativo sensível e técnico, a tapeçaria é baseada em um desenho realizado pela designer e arquiteta Rahyja Afrange em 2012, durante uma viagem ao Saco do Mamanguá, em Paraty (RJ) - o único fiorde tropical conhecido no Brasil. Traçado de forma livre e instintiva, o desenho original reflete uma tentativa de capturar um instante efêmero com autenticidade.
A Punto e Filo assumiu o desafio de transformar esse gesto em matéria têxtil. A tapeçaria exibe o avesso exposto - sem o tradicional acabamento de látex - revelando a beleza da sua estrutura interna. O trabalho foi confeccionado com fio ECONYL®, desenvolvido pela italiana Aquafil e produzido a partir da regeneração de resíduos retirados dos oceanos e aterros sanitários.
Cadeira Bulbo, de Eduardo Trevisan
Recém-lançada na Milan Design Week, a peça traz como ponto alto a robustez natural da matéria-prima, junto com a suavidade orgânica do design. A cadeira combina volumes generosos e linhas bem definidas, transmitindo equilíbrio entre resistência e acolhimento. Feita de madeira maciça tauari, possui estofamento revestido com tecido natural, medindo 64cm X 62cm X 79 cm.
