Apartamento compacto na Gávea foi reformulado para uma nova configuração familiar: bem feminino, colorido, com plantas, espelhos e espaços livres

Num apartamento original da Gávea, de 71 m², herdado pela moradora e onde a família de três (mãe, 47 anos, e duas filhas adolescentes, 15 e 18 anos) morava há pouco tempo, a arquiteta Marcela Martins projetou uma reforma completa. A família começava um novo capítulo de suas vidas e sonhava com um novo lar, bem feminino, colorido, amplo, com plantas, espelhos e espaços livres para dançarem. Isso tudo num original compacto, de três quartos, banheiro social, lavabo, cozinha, área e dependências originais dos anos 70.

Inicialmente fui chamada para reformar apenas o quarto da filha mais nova, a sala e a cozinha. Logo na primeira reunião, entendi que a família queria um espaço que se identificasse e abrigasse suas histórias”, diz Marcela. “Na reunião seguinte, a cliente me pediu para incluir todo o restante do apartamento no projeto. Afinal, esse era o movimento para virar a página da separação e seguir rumo à uma nova vida com as filhas“, completa.

Como nem sempre é possível atender a todas as demandas dos moradores, a arquiteta sugeriu abrir mão do lavabo para realizar o sonho de cozinha integrada com a sala, que ganhou uma linda cristaleira em cumaru e vidro canelado. A marcenaria do imóvel foi toda feita sob medida, criando mais espaços de armazenamento. O banheiro social, que também é lavabo, permaneceu do mesmo tamanho – 2,57m² – mas com outra configuração que dá uma sensação de amplitude. Duas soluções eficientes escondem armários muito funcionais.

Uma viga que não fazia o menor sentido, apareceu quando tiramos o forro de gesso. Tivemos que integrá-la de forma aparente ao projeto e o resultado final foi um clima meio industrial novaiorquino”, diz Marcela.

Os demais cômodos permaneceram com os tamanhos e posições originais; com um ou outro ajuste de posição de portas e integração da área de armários em alvenaria para o layout dos quartos. Os quartos das filhas têm cama suspensa em estrutura metálica e escada acoplável que libera espaço social abaixo das camas, como em um jirau. Apesar de compacto, quando precisam de vão livre na parte de baixo, as escadas são guardadas atrás das portas. Já as paredes são forradas em papéis de parede escolhidos pelas meninas, sendo um com floral com preto e outro com desenho geométrico em fundo coral. Como as vistas eram horrorosas, Marcela solucionou com paisagismo nas janelas.

As moradoras queriam uma casa bem colorida. Então a arquiteta pintou as paredes da sala e corredor de verde vivo, equilibrando com bases neutras nas bancadas da cozinha e tampo da mesa de jantar em quartzo bege. Merece destaque o taco original em peroba rosa, descoberto embaixo de um piso laminado.

No final da obra, descobri um sax soprano guardado que a cliente tocava quando era pequena. Fiz questão de colocar na decoração da estante”, finaliza a arquiteta.

Marcela Martins Arquitetura – www.marcelamartinsarquitetura@marcelamartinsarquitetura