Projeto em Brasília une modernismo e referências nipônicas
- CoDA Arquitetura
- 17 de set
- 2 min de leitura
Assinado pelo CoDA Arquitetura, o trabalho valoriza elementos originais de um edifício icônico do Plano Piloto e incorpora inspirações japonesas trazidas pelos moradores
Texto: Redação Habitare Fotos: Júlia Tófoli

Na Asa Norte, em Brasília, este projeto do CoDA Arquitetura representa a sexta intervenção do escritório em edifícios projetados por Marcílio Mendes Ferreira, arquiteto responsável por parte significativa dos blocos de superquadra erguidos entre as décadas de 1970 e 80.
A proposta teve como diretriz a preservação dos elementos originais do edifício, como esquadrias corrediças em aço pintado, brises de concreto e cobogós, aliada à incorporação de referências nipônicas, refletindo o universo cultural dos clientes.

A cozinha foi inteiramente reformulada, passando a se integrar à área social por meio de esquadrias de correr cujo desenho retoma as linhas das janelas originais do prédio. Em todo o projeto, o uso de portas corrediças remete às divisórias japonesas shoji. No lugar do papel vegetal, foram utilizados vidros opacos, reinterpretando a tradição em chave contemporânea.
Durante a demolição da parede entre sala e cozinha, um pilar em concreto foi revelado e incorporado ao mobiliário. Ele se transformou em base para a mesa de jantar, composta por duas prateleiras e uma viga que emolduram o tampo em madeira maciça, trazido pelos clientes de sua morada anterior.

O novo desenho da cozinha avança até a fachada posterior, onde uma parede de cobogós originais foi exposta. Outro destaque é o piso em ipê, recuperado a partir do lixamento, que devolveu sua tonalidade natural ao espaço. A paleta clara e a seleção de materiais naturais reforçam a sensação de bem-estar e tranquilidade.
Durante o processo projetual, os clientes estiveram em Kyoto e compartilharam com os arquitetos referências visuais enviadas diretamente do Japão. As ripas de madeira com iluminação indireta no corredor nasceram dessa troca, criando um vínculo direto entre a viagem e o projeto final.

Entre a Brasília modernista de Marcílio e a sutileza do design japonês contemporâneo, este projeto se equilibra como síntese das vivências e deslocamentos dos moradores, transformando memória e experiência em arquitetura.


























