Objetos com História
- Revista Habitare
- 22 de nov. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de abr.

Em sintonia com a arquitetura, a seleção de arte e mobiliário reflete a brasilidade com boa dose de cor, luz e materiais naturais
Ao se mudar para São Paulo, a família carioca tinha uma preocupação: morar em um imóvel que contemplasse a natureza urbana. O apartamento na Vila Nova Conceição, com vista para o Parque do Ibirapuera, pareceu, então, o endereço perfeito. Para a reforma, eles contrataram a arquiteta paulistana Ana Sawaia, que reconfigurou a planta-baixa muito compartimentada em sua composição original, sobretudo em áreas molhadas.
A fim de obter um fluxo integrado e mais inteligível, Ana sugeriu eliminar as paredes de alvenaria entre cozinha, copa e sala de jantar. “Prezo sempre pelo conforto, recorrendo à luz natural e à ventilação cruzada”, afirma ela. A arquiteta também desenhou parte do mobiliário – como é o caso da bancada da cozinha, que pelo traço curvo, elimina o canto agudo e facilita a passagem.


No quebra-quebra, que levou apenas três meses, o conjunto de vigas e pilares de cimento ficou à mostra – aliás, esse é um dos poucos materiais compositivos da obra. Neutros, pintados ou revestidos de madeira tauari, os elementos arquitetônicos compuseram a base para expor os móveis e os objetos de autores nacionais.
A propósito, essa também é uma especialidade de Ana, que faz questão de inserir design e arte popular brasileiros em suas criações. “Todo projeto conta uma história, e a arte e o design são recursos narrativos. Ao olhar para essa ambientação, reconheço que ela está no Brasil. Além disso, temos aqui excelentes designers e precisamos prestigiá-los, tanto os consagrados como os novos talentos”, defende.
Seu exercício de curadoria põe, a todo o tempo, saberes e técnicas regionais em evidência: há exemplares do banco Caipira, da Marcenaria Baraúna, de São Paulo; vasos de papelão do mineiro Domingos Tótora; escultura de madeira do pernambucano Luis Benício; entre outros, que, juntos, criam a tão falada diversidade brasileira. “O viés artístico ajuda a dar personalidade ao projeto, e, ao mesmo tempo, revela ‘cantos’ do nosso país por meio das peças expostas”, afirma.
Projeto de reforma e curadoria de Ana Sawaia – @anasawaia