Casa Cajuí: nova residência em Manaus revela arquitetura enraizada na floresta amazônica
- Laurent Troost Architectures
- há 12 minutos
- 2 min de leitura
Projeto emerge da floresta amazônica como uma arquitetura que preserva o terreno original, dialoga com o clima equatorial e transforma a paisagem em protagonista da experiência habitada
Texto: Redação Habitare Fotos: Susan Valentim

Recém-inaugurada na capital amazonense, a Casa Cajuí, projeto assinado pelo escritório Laurent Troost Architectures, nasce de uma leitura atenta do desnível natural e da mata densa que circunda o terreno. A residência se estrutura como um organismo sensível ao clima equatorial, preservando o relevo original e aprofundando o diálogo entre arquitetura, ventilação e paisagem.

O volume principal se projeta em balanço sobre a encosta, gesto que lança a construção em direção ao verde e libera o solo para a continuidade da vegetação. Dessa solução emerge uma varanda contínua voltada para a floresta, definindo a transição fluida entre interior e exterior e conduzindo o olhar até o lago localizado no fundo da propriedade.
A estratégia preservacionista orientou todas as etapas do projeto: nenhuma árvore foi removida, e a implantação adotou uma geometria em zigue-zague para se ajustar à vegetação existente. No deque, dois cupuaçuzeiros se tornam protagonistas e estruturam o espaço ao ar livre. Um grande abacateiro, preservado em sua totalidade, demandou um recorte preciso na cobertura para acomodar sua copa. As fundações, por sua vez, foram posicionadas para não interferir nas raízes nem no microecossistema local.
O desempenho climático, central à proposta, informam escolhas formais e construtivas. O bloco social é protegido por uma cobertura de concreto moldada in loco, cuja espessura proporciona alta inércia térmica. O desenho acompanha a direção dos ventos predominantes e incorpora aletas superiores que aceleram a circulação do ar, permitindo que a residência funcione sem ar-condicionado, mesmo sob as altas temperaturas amazônicas. Elevada do solo, a casa também se mantém afastada da umidade, aprimorando sua eficiência térmica.
No bloco íntimo, o telhado se desdobra em duas águas seguindo a topografia original. Aberturas contínuas e venezianas de madeira, instaladas sem vidro, garantem ventilação integral e conforto ambiental durante todo o ano.
A relação com o terreno, porém, vai além da implantação. Dois platôs reproduzem a topografia natural, enquanto três desníveis internos criam uma topografia artificial que organiza fluxos e usos. Acima deles, a cobertura se transforma em percurso: um caminho caminhável solicitado pelo cliente para observação das estrelas. Dali, a casa oferece um ponto de vista raro e privilegiado, um mirante silencioso para o céu amazônico, onde arquitetura e natureza se encontram em sua forma mais essencial.




























