“Eu sou porque nós SOMOS” — Ubuntu, filosofia africana

A temática do morar é algo que nos instiga a questionar e pensar constantemente sobre qual é o papel da arquitetura na criação de espaços moráveis. Mas o que é um espaço morável?

Entendemos que a arquitetura residencial é um processo de contínuo movimento, que faz com que o morador olhe para dentro de si e se perceba como protagonista dessa jornada de transformação e vivência do lar. Entretanto, é sempre na coletividade que assumimos nossas potencialidades — e não seria diferente nesse caminho. Por isso é necessário que o trabalho da configuração de um espaço morável se construa com muitas mãos, vozes, inspirações, silêncios e reflexões.
O que eu quero, quando eu quero o que eu quero?” A escolha de uma cor, a circulação, os materiais, se o ambiente será aberto ou fechado, as texturas, os acabamentos, os móveis, a decoração, a localização … é preciso de auxílio para se questionar sobre tudo isso. 

Nós somos e nos descobrimos por meio de relações, por isso pensamos o espaço morável a partir da articulação de três dimensões que se somam e dialogam: casa-corpo, casa-lar, casa-mundo.

A nossa casa-corpo traz elementos do nosso cotidiano, das nossas inquietudes e desejos, de assumirmos o nosso corpo também como nossa casa, e de olharmos para nós mesmos na busca de compreender o que faz sentido para ela e do que ela precisa. A nossa casa-lar é a compreensão de que a casa é viva, que o lar se transforma no dia-a-dia com tantos momentos e memórias, com cada objeto novo e pessoas queridas que se achegam em nosso espaço, carregando afetos e sonhos. A nossa casa-mundo é o diálogo com o planeta, com o próximo, com a sustentabilidade, compreendendo que a nossa primeira casa comum é o mundo, e que a construção de um espaço morável vai além de nós mesmos, mas deve respeitar a natureza em sua plenitude.

Por isso, para nós, espaço morável é a expressão de um espaço que nos oferece condições para desenvolvermos a nossa voz, expressão e identidades (EXPRESSAR), atender nossas necessidades (FUNCIONAR), construir as vivências de afetos (RELACIONAR), a estimular o cultivo do bem-estar integral (CULTIVAR) e a perceber a importância da interdependência com relação ao cuidado de si, dos outros e do mundo (CUIDAR).

Há um provérbio africano que diz: “eu sou porque nós somos”. E é nisso que acreditamos. Nosso processo é colaborativo, só existimos com cada cliente-amigo, com nosso time e com nossos parceiros. O espaço morável só se torna possível quando trabalhamos juntos — tendo no centro de toda experiência: o morador. E para que isso seja possível, unimos em nossa metodologia três áreas que acreditamos ser essenciais neste processo: a arquitetura, a experiência do usuário aplicada ao morar e o design.

“O espaço morável só se torna possível quando trabalhamos juntos.”

Convidamos a todos e todas para essa jornada em comunidade. SOMOS é um nome que reflete essa existência coletiva. Acreditamos que a arquitetura, o design e o UX caminham em direção à beleza que, como aponta Don Norman, “surge da reflexão consciente e da experiência”.

Todos merecem viver em um espaço morável. E existimos para tornar isso possível de acordo com a possibilidade, necessidade e preferência de cada um.

Por: Bruna Turquiai e Patricia Tostes – @somos.arq.br