O nome Forte revela privacidade, já o desenho volumétrico revela a estratégia essencial de captação de luz e ventilação para o espaço

Uma zona residencial urbana bem consolidada da cidade de Santo Tirso – A intervenção é inevitavelmente uma resposta reflexa deste contexto complexo e desafiante. Lote urbano, confinado entre vizinhos e cujas confrontações visíveis pouco ou nada apresentavam de significativo do ponto de vista da paisagem.

A pré-existência, fortemente degradada e com pouco valor construtivo, vivia na típica e pouco interessante dualidade entre a rua e o logradouro. O afastamento desta tipologia representa uma atitude simultaneamente lógica e desafiadora, mas sobretudo necessária e eficaz.

A intervenção parte de um bloco maciço que, impertinente, se descola dos limites e mimetiza o contorno do lote. A partir daqui, por subtração, definem-se os vazios e o programa acomoda-se de forma intuitiva entre pátios numa recusa constante de uma relação direta com o perímetro exterior.

A casa desenha-se num equilíbrio complexo entre a criação de uma fortaleza, densa e fechada, e a reinterpretação da típica casa pátio, procurando-se um oásis protegido, na sua relação íntima com o céu. O nome ‘Forte’ denuncia o tema obrigatório da privacidade, já o desenho volumétrico revela a estratégia essencial de captação de luz e ventilação para o espaço, numa inspiração despretensiosa e assumida na cultura islâmica.

A antiga fachada é dos poucos elementos que resistem do conjunto. Com as necessárias alterações funcionais, foi restaurada e reabilitada como elemento de coesão e enquadramento com o tecido urbano adjacente, reduzindo o impacto urbanístico da intervenção para a rua.

Os clientes, e amigos, procuravam, num lote com claras limitações de espaço e privacidade, uma casa que, simultaneamente, fosse extremamente pragmática e flexível, mas também sensível e surpreendente. A resposta, amadurecida de forma intensa, tem um carácter fortemente vinculado à resolução do desafio, sem nunca deixar cair a sua personalidade e vontade de criar espaços e momentos emotivos, sendo a luz, como matéria manipulada, o principal protagonista desses momentos.

Há espaços que não se explicam por palavras, sentem-se. O funcionalismo absurdo e a moda fácil tendem, ao poucos, a asfixiar o sentimento na arquitetura. Esperamos que não aqui, no Forte.

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