Casa cruzada, cujo conceito se baseia em dois blocos de construção de brinquedo retangulares, colocados em ângulo, um em cima do outro
A Casa Cruzada (Crossed House) é um trabalho do multipremiado arquiteto espanhol Manuel Clavel Rojo, da Clavel Arquitectos, cujo trabalho abrange grandes e pequenos projetos, com um princípio de união de que todos devem, de alguma forma, ter o potencial de criar uma cidade melhor.
A Casa Cruzada tem vista para duas montanhas adjacentes: Sierra de la Pila e Valle de Ricote. O projeto surgiu a partir de uma ambiguidade: estar posicionado no local de uma futura área densamente construída e ao mesmo tempo desfrutar de pontos de vista inigualáveis.
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Para isso, procurou-se orientar o nível mais baixo da casa para a intimidade do jardim e conceder ao usuário, no nível superior, o deleite de seus pontos de vista, considerando a futura edificação e a influência da radiação solar.
A solução dos arquitetos foi planejar a edificação em dois volumes retangulares de concreto, cruzados entre eles em 35º. O resultado é algo extraordinário: aparentemente intransigente no modernismo e no design, a Casa Cruzada é, no fundo, intensamente prática.
Esta configuração conceitual é materializada por uma operação geométrica: a rotação de dois elementos, como se fossem dois blocos de brinquedo de construção que são empilhados e fáceis de transportar. Os volumes empilhados, de um comprimento de 20m e uma profundidade de cerca de 5m, são rotacionados de modo que os extremos fiquem voltados para as vistas mais favorecidas, afim de gerar balanços de cerca de 10m de comprimento.
![casa cruzada revista habitare](https://www.revistahabitare.com.br/wp-content/uploads/2016/10/Casa-Cruzada-02.jpg)
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Estes braços de suporte (volumes), em conjunto com a rotação entre os dois volumes, proporcionam a necessária proteção solar à fachada e à piscina da residência. A força expressiva desta configuração formal, muito elementar, em princípio, é reforçada por uma sutil distinção entre os dois volumes: as bordas são arredondadas de acordo com a orientação das principais aberturas de cada nível reforçando desta forma o caráter autônomo dos volumes.
Assim, no piso térreo, bordas arredondadas transversais enquadram a grande abertura para o sudeste. Tal tratamento no andar de cima é aplicado às bordas longitudinais emoldurando os pontos de vista dos quartos em cada extremidade do volume. Isto também reduz aparentemente a superfície de contato entre os dois volumes empilhados e reforça o caráter da sua forma geométrica.
![casa cruzada revista habitare](https://www.revistahabitare.com.br/wp-content/uploads/2016/10/Casa-Cruzada-04.jpg)
O contato com o solo é resolvido usando novamente o mesmo mecanismo de rotação. Desta vez, um terceiro volume, enterrado, correspondente à piscina, gira em relação aos dois volumes da casa para resolver a transição entre a terra de jardim e a habitação. Sem dúvida, um belíssimo projeto!