Muitos traços da arquitetura do amanhã podem ser investigados no tempo presente, tendo como lema a frase “yes is more!”

O grande lema deste grupo, que tem como líder o jovem Bjarke (que já foi funcionário de Rem Koolhaas) é a frase “Yes is more!”. Dentre todos os conceitos inovadores desenvolvidos pela empresa, esta insígnia tenta afirmar o poder da positividade, da ênfase em continuar acreditando em seus projetos, apesar da descrença dos demais, dos clientes que querem tudo mais barato, das legislações hipócritas, e tantos outros empecilhos.

O escritório ganhou um concurso para edificar o Pavilhão da Dinamarca, na Exposição Mundial de Xangai em 2010. O espaço foi delimitado através de um percurso contínuo, uma espécie de passarela em “8” que os visitantes podiam percorrer a pé ou de bicicleta. O minimalismo formal destacava a escultura da sereia, famosa estátua dinamarquesa (cujo exemplar original foi levado para a ocasião, se opondo ao conceito chinês de fabricar “cópias” de tudo) rodeada pela água limpa, levada de Copenhagen como lastro de navio.

A frase também é uma brincadeira com outros jargões famosos na área, pronunciados por arquitetos ícones. As sentenças começaram com o modernista Mies Van der Rohe afirmando que “Less is more” (menos é mais), poucas décadas depois seguido pelo contra-ataque de Robert Venturi – “Less is a bore” (menos é um tédio), dentro de um contexto pós-moderno mais afinado com a arquitetura de Las Vegas do que com a de Brasília. Ainda nesta linha, a expressão chocante de Phillip Johnson, que incapaz de desenvolver um estilo próprio e sempre realizando o que os clientes queriam brincou “I’m a hore” (sou uma prostituta). Já Rem Koolhaas, astuto observador do mundo contemporâneo e sua compulsão consumista, afirmou “More and more, more is more” (Mais e mais, mais é mais). Todas estas frases associadas com o político “Yes we can”, lema da campanha de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos mediante a crise global.

A facilidade em transformar múltiplas referências em idéias simples não se verifica apenas no marketing do grupo. Diversos conceitos também permeiam os projetos arquitetônicos, gerando soluções incríveis, inovadoras e o mais importante – perfeitamente possíveis – para os mais diversos programas de necessidade. Quem passeia pelo conteúdo do site do grupo BIG pode visualizar projetos que respondem contextos complexos de uma maneira muito inteligente, explicados através de infográficos criativos que permitem a rápida assimilação do conteúdo por meio dos desenhos. Não só a arquitetura é acessível como a explicação dos conceitos também é – qualquer pessoa pode entender as propostas através das animações. Mesmo com toda a bagunça contemporânea, a solução adotada é: descomplicar.

O olhar brilhante do grupo não se limita a resolver problemas estéticos, mas também trabalha com o conceito de “sustentabilidade hedonista”. Esta linha de pensamento tenta minimizar os impactos ambientais com eficiência, porém sem esquecer o conforto, dentro dos propósitos mais benéficos do design. Com propostas ousadas, apenas um entre os dez projetos do grupo são construídos. Mesmo assim, o escritório guarda todos eles, na expectativa de aproveitar as ideias novamente em outro contexto.

Um dos trabalhos construídos mais conhecidos do grupo é o “VM Mountain”, localizado na cidade de Copenhagen. O desafio era edificar uma torre de apartamentos e um estacionamento vertical, não apenas para os moradores, mas também para atender a população da rua. O programa de necessidades foi solucionado mediante o desenho de uma colina, onde os 80 apartamentos ficam no topo e o estacionamento para 480 carros situa-se na base, semi-camuflado. Isto permitiu combinar o charme dos quintais suburbanos com a intensidade social do adensamento, visto que cada unidade habitacional possui uma generosa varanda, sem vizinho superior. O lado mais alto do estacionamento fica voltado para a linha de trem. Uma solução genial, visto que o custo da construção pode ser parecido com o valor de investimento para se levantar as duas torres separadas.

Geralmente, arquitetos avant-gard são definidos como negativos, personagens amargurados lutando contra modelos pré-estabelecidos. O Grupo Bjarke Ingels vai de encontro a este estereótipo, através da sua postura bem humorada e jovem, trazendo um frescor ao campo das experimentações arquitetônicas. A postura “yes is more” é democrática e inteligente, é um trabalho inovador onde os conceitos tomam belas formas.

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