Avaliação do espaço e cálculo preciso para segurança e conforto no ir e vir são determinantes para decidir o estilo da escada no projeto de arquitetura

Em uma residência, a escada vai muito além de permitir a circulação entre um andar e outro. O elemento permite ao arquiteto definir a identidade do projeto por meio do estilo e dos diferentes materiais e cores. Porém, o formato é o que realmente define a escada, já que assim o projetista consegue determinar o tamanho do desnível, área de projeção e a disposição dos degraus.

Entre os fatores determinantes para a definição da escada estão metragem disponível no ambiente, tipo de instalação e a segurança. Experientes na execução de projetos com a presença de escadas, as arquitetas Ieda Korman, do escritório Korman Arquitetos, Karina Korn, à frente do escritório que leva seu nome, e Patricia Penna, responsável pelo Patricia Penna Arquitetura & Design, trazem informações e detalhes sobre projetos executados por elas.

Primeiros passos:

Antes de bater o martelo quanto ao tipo perfeito para a residência, o arquiteto realiza uma análise detalhada para a realização do cálculo que engloba inclinação, pisada e altura dos espelhos. “Com essa conta, é possível estabelecer a quantidade de degraus para vencer a inclinação do espaço e assim chegarmos à configuração de escada que melhor atende o ambiente”, revela Karina Korn, do escritório Karina Korn Arquitetura.

Seguir as indicações da NBR 9050 (Norma Brasileira) determinada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é outra prerrogativa. Para questões de segurança, ergonomia e conforto, o espelho padrão (altura do degrau) indicado é de 16 a 18 cm e a pisada entre 28 a 32 cm.  “Quando o projeto nos permite executar uma escada com espelhos de 13 a 14 cm, a pisada fica muito mais confortável”, indica a Patricia Penna.

Quanto à largura, a NBR determina que o projeto deve oferecer uma largura mínima de 80 cm para espaços residenciais. No entanto, baseada em sua experiência, Patricia considera a metragem de 1,20m como uma medida perfeita para o conforto do subir e descer.

segurança deve ser valorizada, principalmente em casas com crianças ou idosos. Nesse caso, o modelo convencional reto, com corrimão de 85 a 90cm de altura, se aplica como o mais indicado. “Caso exista um vão aberto, o guarda-corpo também é um item indispensável”, aconselha Ieda Korman, do escritório Korman Arquitetos.

A observação de todos esses pontos leva o profissional de arquitetura a projetar a escada que melhor se adequa à residência, que deve ser muito bem resolvida desde o início do projeto. “Por exemplo, se não há espaço suficiente para uma escada reta, podemos considerar outras possibilidades como o estilo caracol ou até marinheiro. As escadas esculturais, por sua vez, necessitam de muito mais metragem disponível”, completa a arquiteta Ieda.

Saiba mais sobre cada tipo de escada:

Escada reta: a mais tradicional dos modelos é construída em uma só direção, ou seja, não tem curvas.

Escada reta com estrutura de ferro e degraus de madeira em projeto de loft assinado pelo escritório Korman Arquitetos | Foto: JP Image

Escada em lance único criada pelo escritório Patricia Penna Arquitetura & Design. Engastada na parede, reúne estrutura de alvenaria e concreto. O efeito de leveza ficou por conta do vão entre os degraus, causando uma sensação visual de estarem soltos. O guarda-corpo de vidro deve ser de material temperado e laminado | Foto: Sergio Israel

Escada em L: como o próprio nome diz, esse modelo é projetado no formato da letra L, ou seja, há uma mudança de direção a 90 graus para um dos lados.

A casa no Guarujá, litoral de São Paulo, projetada pelo escritório Korman Arquitetos, trouxe a escada em formato de L com os degraus de madeira | Foto: Gui Morelli

Escada caracol: também chamada de helicoidal, ela apresenta um eixo central de onde partem todos os degraus.

O chalé em Campos do Jordão, interior de SP, executado pelo escritório Korman Arquitetos, trouxe a escada caracol para vencer o desnível | Foto: Gui Morelli

Escada circular: diferentemente da escada caracol, os degraus dessa alternativa formam curvas mais orgânicas e não seguem um eixo central.

Design por Johnson Naylor | Foto: Pinterest

Escada em U: também com duas direções, os lances desse modelo são conectados por um grande patamar e seguem direções opostas, desenhando um U. Neste caso, há uma mudança de direção a 180 graus para um dos lados.

Escada em U realizada pelo escritório Patricia Penna Arquitetura & Design. Executada em concreto, ela foi revestida de porcelanato e apresenta patamar único. Para a proteção, o guarda-corpo de vidro agrega leveza e, do outro lado, a estante vazada (Ornare) resguarda e proporciona a divisão entre espaços | Foto: Leandro Moraes

Escada autoportante: também conhecida como flutuante ou suspensa, ela tem toda estrutura metálica embutida em uma parede lateral, onde ficam os degraus.

A arquiteta Karina Korn assina o projeto de apartamento com escada autoportante, com estrutura de ferro embutida na parede e degraus de madeira | Foto: Eduardo Pozella

Tipos de materiais:

Não faltam opções de materiais para as escadas, mas podemos citar como os principais, caso de madeira, aço e concreto. O que difere mesmo são os tipos de revestimentos para o piso e espelho, bem como o material do corrimão e guarda-corpo.

De um modo geral, a escolha dos materiais deve priorizar a segurança dos usuários e não apenas a estética do projeto. Por isso, é indispensável que o material da pisada seja antiderrapante. “A madeira, por exemplo, é antiderrapante devido aos seus veios e nunca sai de moda. Quando usada no seu aspecto bruto, confere um visual mais rústico, porém, quando combinada com elementos em vidro e inox, o resultado pode ser conferido pelos atributos da leveza, modernidade e elegância”, revela Karina Korn.

Pedras naturais também fazem bonito quando o assunto é projeto de escadas e os mais comuns são o mármore e o granito. “O mármore costuma ser mais elegante, mas em contrapartida o preço se torna menos acessível. Assim, o granito se sobressai por sua durabilidade e custo-benefício para a obra”, diz a arquiteta Ieda Korman. Outro material bastante comum é o porcelanato, que substitui com excelência as pedras naturais e a madeira.

Em linhas gerais, o fator determinante é o gosto do morador e o estilo do projeto. “Como o mercado nos oferece uma ampla gama de materiais seguros e antiderrapantes, sempre estudo as possibilidades de acordo com o projeto de arquitetura de interiores”, finaliza Karina.

Para saber mais, acesse: Patricia Penna Arquitetura | Korman Arquitetos | Karina Korn