Usar o antigo de um jeito diferente e combinar com materiais de demolição deu um ar especial ao projeto assinado pelo arquiteto Vitor Penha.

A residência de 600 m² na região de Sorocaba vai se revelando à medida que vão surgindo os ambientes. Os proprietários tiveram participação ativa no processo de construção e também na busca incansável em antiquários por peças e objetos que tivessem uma história para contar.

O estilo rústico chic é a melhor definição para o projeto que tem o charme do imperfeito como meta absoluta. Nele não há limites entre os ambientes, um entra no outro, resultando em espaços soltos e espontâneos. A casa foi dividida em dois blocos, sendo o primeiro destinado às alas sociais, e o segundo, às íntimas.

A arquitetura é marcada pelo desenho contemporâneo e por materiais de demolição como ponto de partida. Outro aspecto estudado pelo profissional foi a iluminação. Nela foi preciso cuidado para não interferir no estilo de vida e no perfil dos moradores. O arquiteto, que é especialista neste assunto, não pensa na luz, mas na sombra, no contraste entre estes dois elementos para criar uma iluminação adequada, neste caso mais intimista.

Já a imponente fachada desafia a curiosidade. A parede em tijolo de demolição foi resultado de um trabalho artesanal, onde cada peça foi empilhada para obter o encaixe perfeito, e colunas de ferro vindas de uma fábrica centenária arrematam o visual.

O painel de peroba-rosa esconde misteriosamente a entrada principal, e o espelho d’água em pastilhas de vidro cria a sensação de ponte de acesso à residência.

Essa preocupação no processo de criação fez com que o elemento de destaque fosse o conjunto e não o individual.

Ambientes Integrados

A ampla sala de estar, com pé direito duplo (6,80 m), encontra-se com a varanda living através das grandes aberturas pivotantes de aço corten, feitas sob medida, e que permitem essa integração entre interior e exterior. Para clarear os ambientes, os sofás foram confeccionados com tecidos brancos.

A lareira abre-se tanto para a sala quanto para o living externo e recebeu tampo de ferro oxidado para manter a discrição. A escada, com degraus de cimento queimado, foi fixada numa viga da alvenaria e tem guarda-corpo de vidro, por onde é possível visualizar o pátio que dá acesso às suítes. Este andar tem todos os ambientes abertos para uma varanda com pergolado em peroba-rosa que, futuramente, será coberto por plantas.

Próximo às salas de estar e jantar, o lavabo chama a atenção para a porta de madeira ao natural, pinho de Riga. Outro destaque é a farmácia de 100 anos, que organiza louças e demais utensílios na sala de jantar. A claridade se complementa com três luminárias pendentes em cobre, que ficam sobre a mesa.

Na varanda, um cantinho acolhedor que dispõe, acredite se quiser, de uma mesa feita com carroceria de caminhão, que ainda traz consigo os traços do desenho caprichado, sustentada por pés de troncos de árvores, forno e churrasqueira, confortáveis poltronas e um pergolado com cobertura transparente e vegetação para criar um teto verde.

Este é o espaço preferido da família que passou a fazer algumas refeições ali e também onde recebem os amigos e familiares. Cortinas tipo lona ficam presas ao meio durante o verão e, por serem mais grossas, permitem que o local seja utilizado também no inverno, quando são fechadas para proteger do frio. Aqui o tijolo de demolição aparece no piso.

O jardim da casa, projetado pela paisagista Maria Luiza Aceituno, vem de encontro à vontade dos moradores em viver cercados pelo verde e é quase uma extensão do campo de golf e do bosque local, deixando todo o entorno agradável.

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