No Japão, a modernidade e a tecnologia dos grandes empreendimentos contrastam com a cultura milenar, representada nos templos antigos

O Japão é um lugar arquitetonicamente bastante diversificado. A modernidade e a tecnologia dos grandes empreendimentos contrastam com a cultura milenar, representada nos templos antigos, muito característicos do país.

Observar esses aspectos e, além disso, trazer para Sorocaba influências dessas construções foram os objetivos do arquiteto Rafael de Aquino e da designer de interiores Michela de Aquino, do escritório Rafael de Aquino Arquitetura, que viajaram pelo Japão durante 35 dias.

Eles passaram pelas cidades de Tóquio, Hiroshima, Kyoto, Nara, Osaka, Yamanashi, Miyajima e Toba. Aprenderam muito sobre a praticidade no canteiro de obra e como os construtores japoneses sabem utilizar adequadamente os espaços ultrarreduzidos das residências. “Esta questão da otimização dos apartamentos é algo que as construtoras brasileiras estão buscando muito, atualmente. Ainda, lá, o processo é algo mais industrializado e dinâmico, pois as construções são extremamente compactas. Por exemplo, as casas são todas pré-moldadas e não precisam ser pintadas, porque existe um painel de material parecido com o PVC, utilizado no revestimento externo, que é colorido ou imita texturas de tijolos e pedras”, contam.

Os profissionais consideram que, neste setor, o trabalho oriental é muito minucioso e uma casa é erguida em apenas dois meses, muito diferente da maneira brasileira. Os japoneses utilizam um material chamado wood frame, que são perfis de madeiras leves, montados em um sistema pré-moldado. Na opinião de Rafael e Michela, principalmente no Japão, a tecnologia está a serviço do homem.

Todos os cômodos são computadorizados, falam. O banheiro, explicam, também é automatizado. Os vasos sanitários são climatizados, com um painel que controla até a ducha higiênica. Ainda neste cômodo, em algumas residências, é possível acionar um comando que climatiza todo o ambiente, secando a roupa no próprio banheiro. “Eles são muito práticos e os eletrodomésticos das casas são muito modernos. Tudo é muito otimizado”.

Esse conjunto – tecnologia, funcionalidade e otimização – deve influenciar os próximos trabalhos da dupla em Sorocaba. Mas o que mais os impressionou foi o fato de as residências possuírem sistema de energia solar. O governo japonês ainda compra a energia excedente produzida pelas casas. “Isto aconteceu devido à desativação das usinas nucleares”, relatam.

Outra característica japonesa, que encantou Rafael e Michela, é a forma como os lugares públicos são organizados, além da educação da população, que não joga lixo no chão. “Tudo é muito sinalizado, até mesmo para os deficientes visuais. Ainda, a coleta seletiva deles é excepcional. Cada morador recebe um calendário com a retirada do reciclável e todo mundo respeita isso”, lembram.


Turismo

Durante a viagem, Rafael e Michela também visitaram os principais pontos turísticos do país. Na capital, Tóquio, foram ao maior prédio do Japão e um dos maiores do mundo: o Tokyo Sky Tree. Na passagem pela cidade, foi possível ver a congruência entre o novo e o velho, pois, bem ao lado desta torre, há um tradicional templo oriental. Eles também contemplaram a bela construção do Kinkaku-ji (Pavilhão Dourado), um templo, todo estruturado em ouro, que é o ponto turístico mais famoso do país, construído em 1397.

Outra cidade pela qual passaram foi Osaka. Lá, eles puderam conhecer o famoso centro comercial do município. Pelo transporte público oferecido, o turista consegue visitar diversos pontos, como: Amerikamura, Miinami Senba e Doutonbori (principais áreas comerciais). A cultural milenar do Japão faz com que sejam preservados diversos empreendimentos. Um destes é a ponte da cidade de Ise, que surpreendeu os profissionais por ser construída sem parafusos.

Um dos pontos mais tradicionais do Oriente é Nara, onde, no parque natural da cidade, Rafael e Michela encontraram diversos cervos mansos, que ganham comida dos turistas.  O que igualmente não poderiam deixar de visitar é o Monte Fuji, a montanha mais conhecida do Japão, em Yamanashi. Além desses, puderam ver o Memorial da Paz, em Hiroshima, o portal japonês, em Miyajima e a Ilha da Pérolas, em Toba.

“Nestes pontos turísticos, adquirimos um conhecimento mais cultural, porque é muito difícil reproduzir o que eles fizeram antigamente, aqui, no Brasil. Estas técnicas de construções sem parafusos, por exemplo, não existem no nosso país. O que ficou como influência são as inovações tecnológicas e os materiais utilizados nas residências”, finalizam.