Letícia Barreto, uma artista plural nascida em Sorocaba – SP, encontra na charge a sua maneira de ter um olhar crítico para a sociedade

Natural de Sorocaba, Letícia Barreto conta que sempre gostou de fazer arte, mas sua inspiração foi uma tia, Maria Antonia Terciani, professora de arte, que a levava a exposições em São Paulo e com quem passava as tardes desenhando.

“Aos 13 anos, me interessei por charges e aos 15 comecei um curso na Oficina Cultural Grande Otelo, que envolvia ilustração e histórias em quadrinhos. Essa foi minha porta de entrada, como ilustradora editorial e publicitária”.

Desse período, a artista guarda com carinho sua primeira participação no Salão do Humor de Piracicaba. Em paralelo, Letícia aprendeu pintura em aquarela para melhorar seu traço nas ilustrações. “Depois passei por outras técnicas, como tinta a óleo, acrílico e pastel, técnicas mistas, gravura em metal e fotografia, entre outras. Eu nunca fiquei presa a uma técnica. A ideia que eu quero trabalhar é que determina o material que será usado”.

Questionada sobre a primeira vez que teve seu talento reconhecido, Letícia conta que acredita muito mais em trabalho e atribui o que conquistou até agora à sua teimosia e dedicação. “Mais do que tudo, o artista é aquele que insiste e vai atrás de seus objetivos”. Quando se formou no ensino médio, Letícia montou seu ateliê e trabalhou por 17 anos como arte-educadora em Sorocaba.

Na época da faculdade de Publicidade e Propaganda, percebeu que sua paixão era mesmo as artes plásticas. “Como sempre tive uma vontade grande de morar fora do Brasil e estudava italiano há dois anos, reuni minhas economias e fui estudar em Florença”. Como bolsista da Fundação Rotary Internacional, estudou Artes Plásticas no Instituto Lorenzo de Médici.

De volta ao Brasil, Letícia reativou seu ateliê. “Ensinar é algo que eu sempre gostei. Acho importante não apenas fazer, mas também compartilhar, porque quando ensinamos, aprendemos em dobro”.

“Em 2006, recebi um convite para uma especialização na Itália, com as professoras com as quais havia estudado em Florença”. Por conta desse curso, em 2007, emigrou para Portugal, onde trabalhou como professora e coordenadora pedagógica da Nextart, em Lisboa. Ao concluir o mestrado em Artes Visuais e Intermédia na Universidade de Évora, voltou ao Brasil em 2013 onde abriu sua escola de arte, a Nextart Brasil, que oferece cursos de desenho e pintura.

Letícia considera que seus trabalhos têm uma veia política muito forte por causa de sua formação inicial como chargista e caricaturista, e porque seus pais sempre a incentivaram a ter esse olhar crítico para a sociedade.

Sobre os artistas que inspiram seu trabalho, Letícia cita algumas referências atuais, como William Kentridge, Marlene Dumas, Victor Cartagena, Shirin Neshat, Ghada Amer, Francis Alys, Oscar Muñoz, Vik Muniz e Markus Raetz.

“Tem uma série de coisas em gestação, que vou desenvolvendo em paralelo, como um novo projeto voltado a uma reflexão sobre o preconceito étnico e racial”.

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